No fim da tarde de quarta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans, a Trensurb promoveu atividade alusiva à data na Estação Mercado. O saguão da estação recebeu apresentações da drag queen Cassandra Calabouço e do grupo Circo Enquanto Tiver Amor, além da exposição fotográfica Transcendendo Barreiras, do Comitê Pagu. Também foram distribuídos aos usuários do metrô materiais gráficos com conteúdo educativo e divulgando serviços importantes para a comunidade trans. A atividade foi promovida pela empresa metroviária por meio de seu Núcleo de Apoio à Diversidade e do Setor de Responsabilidade Social.

Em meio a números de dança, lipsync e esquetes circenses, os artistas interagiram com o público que circulava pela estação e falaram sobre a importância da data e os desafios cotidianos enfrentados pela comunidade trans.

Coordenadora do Núcleo de Apoio à Diversidade da Trensurb, Ágata Mostardeiro é uma mulher trans de 31 anos. Ela também é parte do grupo Circo Enquanto Tiver Amor e se apresentou na Estação Mercado como a palhaça Nina Purpurina, em conjunto com seu parceiro de esquete, Dogoberto. Para Ágata, "as ações relacionadas à visibilidade trans marcam uma luta histórica por direitos e acessos, e fazer parte de uma empresa que está aberta a promover e se qualificar quanto ao tema e, principalmente, dar o protagonismo para a comunidade é motivo de orgulho”.  A coordenadora afirma que a comunidade trans deve celebrar suas conquistas, mas, principalmente, "ocupar espaços e lutar por nossos direitos e contra o preconceito”.

Uma das drag queens mais conhecidas da cena queer de Porto Alegre, Cassandra Calabouço é vivida há 26 anos pelo artista Nilton Gaffrée Júnior. Ele elogiou a iniciativa da Trensurb de abrir espaço para celebrar a luta das pessoas trans: "A Trensurb e o Núcleo de Apoio à Diversidade estão de parabéns”. Sobre se apresentar em um local como a Estação Mercado, de grande circulação de pessoas, Nilton considera que uma experiência desse tipo é "sempre muito desafiadora, porque é um lugar de passagem, então às vezes as pessoas ficam, às vezes não”. Ele completa afirmando que "muitas pessoas não param, mas estão ligadas”. Acostumado a levar suas performances aos mais diversos palcos e locais, o artista avalia que "é completamente diferente nos apresentarmos quando tem um engajamento de luta”, como numa ação pela visibilidade trans. "Esses dias são muito melhores, porque são para falar de questões que são da nossa carne, da nossa existência, de toda nossa comunidade”, declara. Nilton conclui exaltando a potência da opção por reivindicar os direitos da comunidade LGBTQIA+ de forma festiva: "Acho que isso é a maior força do nosso movimento, não cedemos à tristeza, vamos, lutamos e lutamos com alegria”.