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COLETÂNEA DOS ARTISTAS GAÚCHOS: MIRIAM TOLPOLAR

Confira a entrevista que realizamos com a artista participante da Coletânea sobre sua obra e a participação no projeto.
14/04/2023

Por meio do Espaço Multicultural Livros sobre Trilhos – a biblioteca do metrô –, a Trensurb está promovendo a Coletânea dos Artistas Gaúchos, projeto cultural que busca destacar a produção dos artistas visuais do estado, dando visibilidade ao seu trabalho para um público que não tem o hábito de frequentar os espaços tradicionais de exposição de arte. Os perfis nas redes sociais da Trensurb e do Espaço Multicultural divulgam, mensalmente, três obras de cada um dos 14 artistas participantes da Coletânea. As obras também são veiculadas nos monitores do Canal Você (presentes em trens e estações), que apoia o projeto. A curadoria da Coletânea é do poeta e assessor da Trensurb, Élvio Vargas, da artista multimídia Liana Timm e da professora Dione Detanico.

Neste mês, a Coletânea destaca obras de Miriam Tolpolar. Natural de Porto Alegre, Miriam é mestre em Poéticas Visuais e professora, dedicando-se a gravura, em especial à litografia, objeto de suas pesquisas. Desde 1983, participa de salões de arte, exposições coletivas e bienais de gravura no Brasil e exterior, tendo recebido inúmeros prêmios, destacando-se o II Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - Gravura (2007). Em 2014, lançou o livro Memória da Litografia: pedras raras da Livraria do Globo (FAC/RS) e, em 2016, Receitas da Casa das Tias, Ed. Libretos.

Confira a seguir a entrevista que realizamos com ela a respeito da participação no projeto e sua obra.

Desde quando tu produzes arte? Como foi tua trajetória?
Miriam Tolpolar
 - Minha trajetória como artista plástica teve início aos catorze anos, quando meu pai me levou ao Atelier Livre da Prefeitura, pois era “uma guria que gostava de desenhar”.  Desde então nunca parei! Lá aprendi xilogravura e desenho e convivi com inúmeros artistas. Realizei minha formação acadêmica no Instituto de Artes da UFRGS, onde fiz Licenciatura e Bacharelado em Artes Plásticas e posteriormente o Mestrado em Poéticas Visuais.  A partir dos anos oitenta, venho participando de exposições, salões de arte e bienais de gravura no Brasil e no exterior, onde recebi inúmeros prêmios.

Quais são tuas principais inspirações artísticas?
Miriam Tolpolar
 - Acredito que a realização de uma obra se dá em dois âmbitos: o âmbito da pesquisa e conhecimento de uma linguagem e o âmbito da criação. E quando falo de obra, não falo apenas de uma imagem, uma pintura ou uma gravura. Falo de uma produção que irá se desenvolver ao longo da vida. Estes âmbitos, da investigação técnica e criação de conceitos se mesclam e interagem, não são estanques. Assim, minha produção está totalmente voltada para a gravura e aos poucos fui percebendo que esta linguagem centenária se identificava com aquilo que eu estava me propondo a dizer, pois a litografia lida com as questões da memória muito diretamente. Meu repertório busca os elementos vinculados à memória, identidade e repetição e busco lembranças, objetos pessoais e fotografias para construir meu trabalho. 

Como é teu processo criativo?
Miriam Tolpolar
 - Meu processo criativo começa com anotações, esboços, desenhos, xerox de fotos, flores, tudo em cadernos e bloquinhos, como um diário. A partir dessas anotações vou organizando minhas produções gráficas, pensando em composições, dimensões, cores e suportes.

O que motivou a escolha das artes para a Coletânea? O que elas significam para ti?
Miriam Tolpolar
 - Para esta Coletânea na Trensurb, escolhi obras significativas de diferentes momentos de minha carreira e busquei também aquelas obras que pudessem chamar a atenção dos passantes. Obras que alegram e também instigantes.

Como vês o projeto Coletânea dos Artistas Gaúchos, produzido pela Trensurb?
Miriam Tolpolar
 - A Coletânea dos Artistas Gaúchos é um projeto maravilhoso, pois tira a obra de arte dos espaços tradicionais e coloca em um lugar inusitado, de grande trânsito de pessoas. O bonito desse projeto é que essas pessoas estão ali de passagem, indo e vindo, pensando em seus afazeres e são surpreendidas com obras de arte de artistas gaúchos, muitas vezes desconhecidos para a maioria da população. Considero um privilégio participar desse projeto. 

Os sabores (tema de um dos teus livros) têm alguma relação com as tuas cores em algumas obras?
Miriam Tolpolar
 - Nesses últimos anos, publiquei também dois livros: Memória da Litografia – Pedras raras da Livraria do Globo e Receitas da Casa das Tias. O primeiro relata minha pesquisa, o restauro, impressão e catalogação das pedras litográficas da Livraria do Globo, em Porto Alegre, e foi contemplado com a publicação através de edital do Fundo de Apoio à Cultura/RS. Já o Receitas da Casa das Tias, publicado pela Editora Libretos é um livro de receitas, memórias e muitos desenhos e litografias. Todos esses fazeres estão vinculados aos princípios da linguagem gráfica e seus conceitos, que direcionam minha obra: as questões vinculadas às memórias, a identidade e o resgate de pensamentos, histórias e objetos.

A hierofania, enquanto fundação onírica, tem muito a ver com tua obra e, de certa forma, imprime uma influência?
Miriam Tolpolar
 - O onírico, o sonho, as histórias dos mitos sempre estiveram presentes em minha produção! Por isso muitas vezes o gato é homem, o homem é bicho e os sonhos e a fantasia estão sempre permeando meu trabalho.

As cores, enquanto forma de escritura, estão interligadas por uma aura que as transcende e move rumo ao inaugurável ato de linguagem?
Miriam Tolpolar
 - As cores, no entanto, vão e vêm. No início de minha carreira, utilizava cores vibrantes em contraponto com o preto. Atualmente trabalho muito com impressões em preto e busco suportes diferentes como sedas e lenços, que remetem à saudade, ao feminino.


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