A partir de 3 de setembro, a Galeria Mario Quintana, da Trensurb, recebe exposição destacando novas obras que são parte da Coletânea dos Artistas Gaúchos. O projeto da empresa metroviária busca dar visibilidade à produção de artes visuais no estado por meio das redes sociais e dos monitores presentes em trens e estações. Em cartaz até 2 de dezembro, a exposição apresenta trabalhos das artistas Mariza Carpes, Débora Irion e Graça Craidy. É a segunda exposição da Coletânea na galeria localizada na Estação Mercado, mantida em parceria com o Sesc-RS.
A Coletânea dos Artistas Gaúchos traz uma amostra da produção artística gaúcha contemporânea a um público que não tem o hábito de frequentar os espaços tradicionais de exposição de arte. Temporariamente suspenso durante o período de defeso eleitoral, o projeto destacou, de janeiro a junho, obras dos artistas participantes. Nesse primeiro semestre, os perfis nas redes sociais da Trensurb e do Espaço Multicultural Livros sobre Trilhos – a biblioteca do metrô – divulgaram, mensalmente, três obras de um dos participantes do projeto. As obras também foram veiculadas nos monitores do Canal Você (presentes em trens e estações), que apoia a Coletânea. Ao fim do período eleitoral, a divulgação nas redes e monitores será retomada. Além disso, serão, no total, cinco exposições na Galeria Mario Quintana, produzidas com o apoio do Sesc-RS, parceiro da Trensurb na manutenção do espaço cultural. Cada exposição irá destacar os trabalhos de dois ou três dos 14 artistas participantes da Coletânea. A curadoria do projeto é do poeta e assessor da Trensurb, Élvio Vargas, da artista multimídia Liana Timm e da professora Dione Detanico.
Graduada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Mariza Carpes possui mestrado em Artes pela Ball State University, na cidade de Muncie, Indiana, nos Estados Unidos. Atuou como professora na UFSM e no Instituto de Artes da UFRGS, dedicando-se integralmente ao Desenho e ajudando a formar, pelo menos, uma geração de artistas. A memória, os afetos e a própria história da artista são terreno constante de sua obra, assinalada pelo investimento no desenho, em trânsito com a pintura, assim como pela apropriação de fotografias, desenhos, impressos, objetos e fragmentos antigos, plenos de histórias e tempos. Possui em seu currículo inúmeras exposições coletivas e individuais, bem como diversos prêmios nacionais e internacionais. Sua obra está representada em várias instituições, museus, coleções públicas e privadas. Para integrar a Coletânea, a artista selecionou três obras da série Digo de onde venho, realizadas em 2019 com grafite, hidrográfica, carbono, assemblagem sobre papel vegetal e coleção de amostras de renda. “Estas três obras foram inspiradas diretamente na profissão da minha mãe, que foi excelente modista na cidade de Santa Maria”, explica Mariza. “Cresci vendo-a costurar roupas lindas e o arsenal de linhas, agulhas, tecidos, moldes e acessórios me fascinaram durante toda a minha infância e adolescência. Foi um tributo que fiz à sua memória”.
Débora Irion é graduada em Desenho e Plástica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Suas esculturas surgiram com a modelagem em argila e estas se concretizaram nas técnicas de terracota. Hoje, além da terracota, trabalha com metais como o bronze, alumínio, aço corten, ferro e resinas, executando de obras de pequeno a grande porte tanto para interiores como para fachadas de edificações, trabalhando também com algumas técnicas de restaurações. Em sua trajetória, foi contemplada com premiações em exposições em Gramado, Santa Maria e Canela, cidades do Rio Grande do Sul. Recebeu menções honrosas em Santa Maria, Colômbia e México. Tem no seu currículo oito exposições individuais e mais de 200 exposições coletivas no Brasil e no exterior. Executou trabalhos de visibilidade pública em Gramado como o Marco Histórico do Centenário da Igreja São Pedro de Gramado e o Memorial em homenagem ao Centro Esportivo Gramadense. Possui obras de visibilidade pública também em Santa Maria e em Porto Alegre, bem como esculturas em acervos de artes estaduais e internacionais. Suas obras que integram a Coletânea são esculturas em alumínio, representadas por meio de fotografias. Elas foram produzidas em 2018 e intitulam-se Conhecimento, Imaginação e Poesia. Débora explica que se trata de “uma série de esculturas com a temática dos livros. Fiz para expressar sobre o que traz a cada pessoa o conhecimento, o significado das palavras que nos são transmitidas pelos livros. Busca, imaginação, conhecimento e o mergulho que tudo isso possibilita para o crescimento da nossa alma”.
Nascida em Ijuí, Graça Craidy é artista visual, mestre em Comunicação, com forte trabalho de denúncia de violência contra a mulher. Antes de começar a criar artes, em 1987, trabalhou como publicitária por 40 anos, desenvolvendo sua criatividade de outras maneiras. Apaixonada pela arte do retrato, sob todas as formas - pintura, aquarela, nanquim, lápis de cor, grafite, arte digital, pastel oleoso -, é também aquarelista de flores e pássaros. Já expôs em cerca de 45 mostras coletivas e 28 individuais, inclusive no México e Itália. Tem obras no acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS). As obras selecionadas pela artista para integrar a Coletânea são pinturas em aquarela e acrílica sobre tela, produzidas em 2017 e 2020. Uma delas é parte da coleção Velho: Profissão Solidão. “O velho na janela tem a densidade de uma longa vida pontuada de dores e amores, agora aprisionada na sua velhice, na sua janela, assistindo a vida sem viver. Propõe uma reflexão sobre a velhice”, diz Graça sobre a pintura. As outras duas são intituladas Lulu vai ao parque e Gatíneo assustado. “A menina com o cachorrinho é um flash de pura alegria e encantamento”, afirma a artista. “E o gatinho em aquarela é o meu espanto com o reino animal e a liberdade que tem o gato de ser o que lhe dá na telha, dono do seu viver”, completa.
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