Na tarde de quinta-feira (7), o auditório da Trensurb recebeu seminário direcionado ao público interno da empresa intitulado “AIDS é fato: encare, entenda, não transmita ignorância”. Participaram do evento os convidados: Eliana Wendland, médica epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento e professora da Universidade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (UFCSPA); Carla Almeida, coordenadora do Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS (Gapa-RS) e coordenadora executiva do Fórum Ong AIDS RS; Angelo Brandelli, professor dos programas de pós-graduação em Psicologia, Ciências Sociais e Ciências Médicas da PUCRS e coordenador do grupo de pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais.
A atividade, organizada pelo Núcleo de Apoio à Diversidade da Trensurb, foi alusiva ao Dezembro Vermelho, mobilização nacional em prol da conscientização para o tratamento precoce da AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Durante o seminário, os metroviários puderam aprender mais sobre a AIDS e o HIV, sendo informados sobre os cuidados e conscientizados sobre a importância da discussão do tema na sociedade. Além disso, houve distribuição de insumos de prevenção às ISTs.
A primeira convidada a fazer o uso da palavra foi Eliana Wendland, que participou remotamente do evento. “Na região metropolitana de Porto Alegre nós temos uma epidemia generalizada de HIV, isso significa que uma epidemia que antes era considerada restrita, agora apresenta transmissão sustentada na população em geral e não em pequenos grupos. Isso muda pois para evitar essa epidemia nós precisamos de novas estratégias, precisamos de mais comunicação, aumentar a testagem da população, precisamos falar de prevenção e aumentar o conhecimento das pessoas urgentemente”.
Carla Almeida foi a segunda convidada a fazer sua apresentação no evento e chamou a atenção para a invisibilidade do tema nas últimas décadas: “O tema da AIDS é tratado como um tema solucionado e isso reflete em uma população com muito menos informação. Hoje, com os tratamentos que temos, que garantem uma qualidade de vida, isso fez com que nos acomodássemos e entendêssemos que essa não é mais uma questão relevante”. Ela destacou que, no Rio Grande do Sul, há quatro vezes mais casos de AIDS do que no resto do Brasil, em especial na Região Metropolitana de Porto Alegre: “E o coeficiente de mortalidade no nosso estado é duas vezes maior do que em outras regiões. Isso significa que uma pessoa que tem AIDS, se ela estiver no Rio Grande do Sul, tem duas vezes mais chance de morrer do que se ela estiver em qualquer outro estado”. Com esses dados, ela buscou ressaltar a necessidade de trazer visibilidade a esse assunto e mais informação para a população: “Nada disso é novidade, essa situação não é inédita. É criminoso não informar a população do cenário epidemiológico que temos”.
Carla destacou ainda que essa epidemia é “muito determinada pelos marcadores sociais” e que os mais vulneráveis à infecção são “pessoas com menos estudo, pessoas mais pobres, pessoas negras”. Segundo ela, “essa epidemia expõe as desigualdades sociais, como no acesso aos serviços e saúde, no acesso à informação, nos equipamentos públicos e na garantia dos diretos”.
Angelo Brandelli também falou sobre a importância do debate do tema e de como ele é pouco abordado: “Se tem um total desaparecimento quando se pensa em explicar essa situação epidemiológica no estado, não vemos mais campanhas falando sobre isso abertamente, nos ambientes escolares o assunto de educação sexual simplesmente desapareceu”. Segundo ele, “já se quebrou os pilares clássicos para a prevenção, como campanhas públicas que informem as pessoas de como são feitas a transmissão, as prevenções e os tratamentos, afinal nós temos os insumos, eles só não circulam. Também temos os profissionais que não são os mais capacitados para tratar essa situação, pois não é falado que é possível fazer um teste de HIV e se der positivo não tem um aconselhamento do que deveria ser feito e como acessar a prevenção, ou seja, isso é uma série de coisas que mostram que as prevenções não estão realmente disponíveis”.
Angelo também destacou a desigualdade da epidemia de AIDS: “A mortalidade é mais alta em pessoas negras, pretas e pardas e pessoas com baixo nível socioeconômico. Essas pessoas moram na periferia de Porto Alegre, onde se tem gargalos enormes com a distribuição de unidades de saúde, de estratégia e prevenção para outros problemas de saúde, então essa mortalidade é um sintoma de um problema maior, como a falta de inclusão dessas pessoas na sociedade e marginalização dos mesmos”. Ele concluiu sua fala citando estudos que afirmavam que a AIDS teria um fim no ano de 2030, porém apontou que a situação no Rio Grande do Sul está bem longe disso: “Pelo contrário, se continuar dessa forma, em 2030, teremos uma epidemia crescente e com mortalidade alta. Então, compartilhem esse assunto”.
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